quarta-feira, 23 de maio de 2012

COLUNA


Você tem fome de quê?

Quando estava na escola lembro de ter lido uma crônica do Rubem Alves que, citando Adélia Prado, lembrava de que nada adianta ter a faca e o queijo na mão quando não se tem fome. E quando se trata de leitura ter “fome” é o principal.

Ou seja, de quê adianta ter toda a internet à disposição, sites de compra com variadas facilidades, sites de sebo, se não há a fome, a vontade da leitura? Porém, arrisco a dizer que todo mundo tem esta fome. É uma necessidade vital, assim como a outra fome. E isso parece-me mais evidente quando constato que a Internet – ferramenta cada vez mais usada – é essencialmente leitura. Então, mesmo que em menor escala, você lê, sim!

Se as pessoas têm fome de leitura e têm o hábito – mesmo que virtual – de ler, o que falta para o Brasil melhorar seus números na questão de leituras, digamos, literárias? Chamo aqui outro teórico, Tzvetan Todorov, que em uma recente obra, chamada A Literatura em Perigo, aponta para a cada vez mais crescente mudança (ele se refere à França, mas a reflexão cabe a nós também) dos estudos literários na escola. Segundo ele, na escola a disciplina de Literatura está cada vez uma disciplina de Teoria (e Crítica) da Literatura do que uma disciplina voltada para a Literatura em si, no caso, para a leitura de Literatura. Seria então a Escola “culpada” da falta de leitura no Brasil?

Não me arrisco a ter uma resposta pronta para este questionamento, mas afirmo sem sombra de dúvida de que há leitura para todos os gostos e inclusive Literaturas muito mais interessantes do que os clássicos que dissecamos na Escola – não que estes não sejam interessantes, mas talvez demandem um leitor mais experiente.

Assim, além do privilégio de poder escrever sobre Literatura na Internet – esse fenômeno que ainda não estamos nem a 10% de entender sua complexidade – minha missão por aqui, acredito, é mostrar possibilidades, pontos de vista e clareamentos para aqueles que ainda temem entrar neste maravilhoso campo que é a Literatura. Mas não esperem alguém que irá saciá-los, pelo contrário, aqui o desejo é despertar a fome.





Paulo Olmedo
Formado em Letras-Português, pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Atualmente é mestrando do Programa de Pós-graduação em Letras – Mestrado em História da Literatura, pela mesma instituição. Escreve contos e tem experiência na área do audiovisual e teatro. É dono do blog Vida Irreal (http://www.pauloolmedo.wordpress.com/).

4 comentários:

  1. As pessoas se acostumaram a ler pouco e uma página já é "um monte de coisa". Eu fico triste, mas na realidade, com 1 aula de literatura por semana não dá pra fazer milagres. Ainda mais quando o programa quer justamente que tu trabalhes os períodos literários. Enfim... a estrada é dura! hehe Parabéns pela coluna, autor desconhecido! :P

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  2. E aí Paulinho!
    Muito inteligente de sua parte, escolher a Literatura e seus fomentos como norte de sua coluna, belo texto camarada!

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  3. Valeu pela leitura e os comments, galera! :)

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  4. bahhh ótima coluna, parabéns Paulo!

    Bruno Alves Pires.

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