Nascendo feliz
Logo após o convite para escrever mensalmente sobre Educação aqui no Coletivo Fita Amarela, e as delícias que vieram com essa perspectiva, era necessário pensar em um nome para a coluna. Parte complicada! Penso que o nome é a identidade da coluna. É a capa. O primeiro parágrafo, aquele em que o leitor entra na narrativa ou a abandona. Eis que várias e várias ideias surgiram, mas uma, em especial, sussurrava ao meu redor: “Escondido Fazendo Fita”, aquele trecho de Pro dia nascer feliz, do Cazuza.
Já que ele falava comigo, fomos ter um diálogo: coloquei a música e percebi que bem nesse trecho a solidão se fazia presente. A solidão gritava silenciosa ali. Achei que talvez pudesse ser meio contraditório falarmos de educação e a solidão estar representada. Logo a educação, que segue a premissa do coletivo, do não se fazer sozinha. Mas em seguida, o nome da música - Pro dia nascer feliz - soou como um grito de esperança para nós professoras e professores que insistimos deliciosamente no ato de educar. Que insistimos no ato de educar neste mundo , por vezes, tão mal educado.
Pensei que se eu tirasse o ‘escondido’ a solidão estaria desfeita. Justamente o que fiz, com toda a licença que me é permitida, deixei o ‘escondido’ com o Cazuza e fiquei com o ‘Fazendo Fita’. Remeti, então, simbolicamente, ao nome do blog e ao dia que precisava – precisa – nascer feliz. Mas foi além... As fitas começaram a aparecer com vários intertextos, em vários espaços: as ‘fitas’ que Bentinho procurava para prender as tranças de Capitu, em Dom Casmurro, as ‘fitas’ de Narizinho, do Monteiro Lobato, as ‘fitas’ da Menina bonita do laço de fita, da Ana Maria Machado, as ‘fitas’ que Chico Buarque usa para fitar os olhos em alguém, as ‘fitas’ que calam as vozes quando envolvidas à boca, as ‘fitas’ que libertam o presente do seu embrulho, as ‘fitas’ que envolvidas pelo laço, unem, as ‘fitas’ que quando atadas em um nó, prendem...
Assim, o Fazendo Fita vai ser o espaço de atarmos e desatarmos as fitas da educação. As fitas explícitas e as fitas implícitas em nosso currículo na\da escola. O Fazendo Fita vai ser o espaço de sentirmos a educação com todas as metáforas que ela nos pede: olhar com a boca, falar com os ouvidos, tocar com os olhos e cheirar com a pele.
Que teus dias nasçam sempre, sempre felizes!
Rita Germano
Professora, leitora, escritora e amadora. Roteirista - não praticante - da sua vida. Mas, para o mundo acadêmico, é mestranda em Educação pelo PPGE- FURG, especialista em Leitura e Produção Textual pela UFPel, licenciada em Letras pela Furg. Coordenadora do Polo de Apoio Presencial de EaD de São José do Norte e Coordenadora de Projetos na Secretaria Municipal de Educação e Cultura de São José do Norte.
Meu dia já começou feliz com essa coluna :)
ResponderExcluirÓtimo início!
Bruno Alves Pires
Adorei!
ResponderExcluirUm ótimo começo, todos felizes ;)
Fernanda Cadaval