quarta-feira, 6 de junho de 2012

COLUNA



“ Quem este filme pensa que eu sou?”

O Clube do Filme (David Gilmour) é um livro que conta a história real da relação entre um pai e um filho: David e Jesse. David, crítico de cinema, acha a solução nos filmes para o tédio escolar do filho. Com a proposta de um trato de que ambos assistissem três filmes por semana e, em troca, Jesse, o filho, estaria isento de ir à escola, surgia, então, O Clube do Filme.

O Cinema é o protagonista nessa história de crescimento pessoal de Jesse e David, agindo como um elo entre duas realidades diferentes de pai e filho. Assim, os filmes são propulsores para discussões sobre diversos temas e os outros personagens, embora secundários, são essenciais para o conhecimento dos “bastidores” da vida dos dois.

Lado a lado, semana a semana, pai e filho viam e discutiam o melhor e o pior do cinema: de O Poderoso Chefão (um dos integrantes das listas de "melhores filmes de todos os tempos") a Amores Expressos (cult romântico), de A Doce Vida (de Federico Fellini) a Instinto Selvagem (estrelado por Sharon Stone); de Os Reis do Iê, Iê, Iê (hit cinematográfico dos Beatlles) a O Iluminado (dirigido por Stanley Kubrick). Essas sessões os mantinham em constante diálogo acerca de mulheres, música, trabalho, drogas, amor, amizade, e abriam as portas para o universo “secreto” dos adolescentes, num momento em que os pais geralmente as encontram trancadas.

E então, essa semana, eu trouxe o livro de Gilmore, pois para além de ser apaixonada por cinema e querer partilhar aqui esta maravilhosa leitura, acredito nos filmes, em sala de aula, como potencializadores de leitura de forma atraente, dinâmica, criativa e polifônica.

Simultaneamente lemos palavras, formas, cores, sons, olhares, gestos, odores, acontecimentos, com isso, nós professores, não podemos restringir a tão vasta, ampla e apaixonante leitura apenas ao texto verbal. E o que posso perceber é que, muitas vezes, a escola não participa desse movimento, dessa polifonia toda que grita nos corpos de nossos alunos. Ficamos abraçados ao quadro e ao giz, tendo casos com o livro didático e esquecemos desse movimentado mundo audiovisual a que estamos inseridos.

Precisamos conversar com os filmes. E quando eu digo conversar, eu penso na pergunta: “Quem este filme pensa que eu sou?” e daí vejo neles uma prática interessante e motivadora de discussões de temáticas, de cores, de intenções, de histórias, de contextos, de tempos e de espaços. Penso numa prática que não seja meramente ilustrativa e nem tenha o interesse em substituir o professor. O filme é um texto a ser lido, ouvido, desvendado, tocado, mexido e não deve ser esquecido fora da sala de aula... (não da minha).

Vale a leitura!





Título Original: The Film Club
Título Nacional: O Clube do Filme
Autor: David Gilmour
Ano de lançamento no Brasil: 2009
Editora: Intrínseca



Rita Germano
Professora, leitora, escritora e amadora. Roteirista - não praticante - da sua vida. Mas, para o mundo acadêmico, é mestranda em Educação pelo PPGE- FURG, especialista em Leitura e Produção Textual pela UFPel, licenciada em Letras  pela Furg. Coordenadora do Polo de Apoio Presencial de EaD de São José do Norte e Coordenadora de Projetos na Secretaria Municipal de Educação e Cultura de São José do Norte.

Um comentário:

  1. Ótimo texto Rita! Parabéns.
    Acredito que o filme na sala de aula seja uma ótima ferramenta para incentivo a reflexão, leitura e discussão dos diferentes pontos de vista e interpretação.

    Bruno Alves Pires

    ResponderExcluir