quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Literatura de Quinta, por Adriane Dias Bueno




GUERRA E PAZ
E então fez-se a paz
mesmo quando quisera a guerra.

Esforços não mediu, com seu gélido espírito,
ao usar de forma sutil todas as palavras
que até então calcara em sua boca.

Mas o espírito sereno, mesmo prevendo
a proximidade da batalha,
com seu conformismo prático não sucumbiu.

Então percebeu que a paz vencera,
mesmo quando quisera o combate.

E a guerreira, a espada inerte na mão
em sua bainha introduziu.
Não haveria luta em nenhum dia,
pois o gentil homem não disputaria
com ela para vencer a loucura.

Então fez-se a lágrima,
que teimosamente não caiu.

Percebeu que pela estrada a fora
sua árdua e lúgubre luta, solitária seguiria.
Não haveria ninguém que desejasse
vencer os tristes e lúcidos argumentos dela.

Então desfez-se o mundo
em sombrio e dolorido silêncio.

E a guerreira, por fim, partiu
para travar suas insólitas guerras,
já resignada com a perda
de sua última sentinela.

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Adriane Dias Bueno nasceu em Rio Grande/RS, é casada e exerce a profissão de advogada. Participou de diversas Antologias da Ed. CBJE entre 2010 e 2012. Participou com “Crônica Transitiva”, na Edição nº 34, da Revista Samizdat, e com o poema “Multiplamente”, na Edição nº 36, desta mesma Revista Eletrônica. Publicou dois livros: “Casa de Ventos e Sussurros”, CBJE, 2010, e “Estranhamento”, Ed. Scortecci, 2012. Tenta rabiscar em dois blogs: www.avessasingularidade.blogspot.com.br e www.br392.blogspot.com.br. Pretende escrever por toda a vida.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Literatura de Quinta, por Pedro Porciúncula



Autoautoajuda
As alunas não vieram
E eu mato tempo escrevendo

Ganhando ânimo
achando que um dia
vou escrever algo
que vá mudar a vida de alguém
como os escritores de verdade fazem

Aprendi que a poesia não precisa de rima

Aprendi que para escrever poesia
tu precisas é de um par de bolas
seja no teu peito
ou que fiquem alojadas lá embaixo
entre as pernas

Eu não sei rimar

Mas tenho bolas
Ou pelo menos enfio a cara e espero o tapa
o soco e o chute
de olhos abertos

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Pedro Porciúncula - Natural de Rio Grande, RS, sou escritor, sem saber, desde 2005/2006, época em que comecei a escrever meus primeiros contos, travestidos de “Históricos de Personagens” para RPG, mas passei a ter consciência dessa habilidade em 2010, quando, após um sonho inspirador, criei o meu blog, o Anarchy Ink. Desde lá tenho mais de 100 publicações no mesmo, onde mesclo influências, principalmente André Vianco (o responsável por me atirar de cabeça no mundo da literatura), Charles Bukowski e o rock n’ roll, na busca de encontrar um estilo próprio. Além do Blog, participei de alguns varais de Poesia da Prefeitura Municipal de Rio Grande e fui coordenador do primeiro livro do grupo do facebook “Poetas de Pijama da FURG”, ao lado de Mayara Floss, lançado na 40ª Feira do Livro da Furg.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Literatura de Quinta, por Vanessa Regina



Sunflowers

haverá um tempo
em que os girassóis
suprirão as ausências e as tempestades
e  daremos as mãos
pétalas entreabertas
de um amarelo recomeço
e nada mais temeremos,
porque os girassóis
- a poesia em flor-
nos darão abrigo

e não mais sentiremos fome. 

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Vanessa Regina, alegretense, é Mestranda em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e tem poemas publicados em jornais, participação em coletâneas, além de premiações em concursos literários. Quando o jazz toca o coração, deságua no blog Na Ponta da Língua. Escreve para organizar o caos e pensa que o mar não deveria ser azul.