GUERRA E PAZ
E então fez-se a paz
mesmo quando quisera a guerra.
Esforços não mediu, com seu gélido espírito,
ao usar de forma sutil todas as palavras
que até então calcara em sua boca.
Mas o espírito sereno, mesmo prevendo
a proximidade da batalha,
com seu conformismo prático não sucumbiu.
Então percebeu que a paz vencera,
mesmo quando quisera o combate.
E a guerreira, a espada inerte na mão
em sua bainha introduziu.
Não haveria luta em nenhum dia,
pois o gentil homem não disputaria
com ela para vencer a loucura.
Então fez-se a lágrima,
que teimosamente não caiu.
Percebeu que pela estrada a fora
sua árdua e lúgubre luta, solitária seguiria.
Não haveria ninguém que desejasse
vencer os tristes e lúcidos argumentos dela.
Então desfez-se o mundo
em sombrio e dolorido silêncio.
E a guerreira, por fim, partiu
para travar suas insólitas guerras,
já resignada com a perda
de sua última sentinela.
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Adriane Dias Bueno nasceu em Rio Grande/RS, é casada e exerce a profissão de advogada. Participou de diversas Antologias da Ed. CBJE entre 2010 e 2012. Participou com “Crônica Transitiva”, na Edição nº 34, da Revista Samizdat, e com o poema “Multiplamente”, na Edição nº 36, desta mesma Revista Eletrônica. Publicou dois livros: “Casa de Ventos e Sussurros”, CBJE, 2010, e “Estranhamento”, Ed. Scortecci, 2012. Tenta rabiscar em dois blogs: www.avessasingularidade.blogspot.com.br e www.br392.blogspot.com.br. Pretende escrever por toda a vida.