Miniconto dos sentidos
Faz tempo que quero te dizer
isso, só fiquei com medo de me achares louca, mas como agora já tens certeza
que sou te digo: eu adoro o timbre da tua voz. Na verdade é a mistura do timbre
com o tom, sei lá! Eu não entendo de música, só sei que é harmônico... Quando
falas baixinho no meu ouvido o som vem tão compassado, me arrepia em claves de
sol, em notas bemol. Faz desabrochar
o Girassol que trago na alma! Como se não bastasse esse devaneio todo, já que
resolvi falar, também te digo que é muito bom o cheiro das tuas roupas. E a
mistura do aroma do teu amaciante com o cheiro da tua pele exala dos lençóis da
tua cama e torna tão difícil manter minha sanidade que já é quase nula. É mesmo
uma combinação irresistible... É esse
teu cheiro que ativa o que há de mais secreto na minha caixinha de desejos. Por
causa dele perco a hora e aceito todas as tuas propostas indecentes. Atiro-me
em voo livre, de olhos fechados, sem calcular a dor da queda. Fazer o quê se me
hipnotizas através de sons, gostos, cheiros e formas... Meu olhar fica fixo na
tua anatomia e, sem querer, acabo te despindo com meu olhar. E por já ter te
tocado, aproveito e respondo a indagação do cantor-poeta: com certeza os dedos
sentem sabor... E, falando em sabor, o que há em tua boca que me embriaga?
Antes mesmo de te beijar já o faço em pensamentos... E quando te beijo tenho
medo de não conseguir parar, tamanho prazer que causas em minhas papilas
gustativas. Minha pulsação acelera, o meu cérebro erra as contas e exagera na
liberação de serotonina e endorfina... Bem melhor que chocolate! Mas no final
eu paro. Longe de mim te deixar sem fôlego e também não quero me sentir uma
vampira que ao sugar o sangue de sua vítima entra em transe a ponto de só parar
quando terminam os fluidos... Eu que não quero dar fim a essa droga lícita que
carregas na tua língua, nos teus lábios e por qualquer parte de ti... Vida
longa ao teu veneno!!! Ah, e cuidado ao te mover, pois teu ritmo lento e
acelerado me descompassa, me tira o foco, me alinha e me desalinha que até fico
com receio de me perder nas curvas dessa tua estrada. Esqueço meu nome e me
entrego ao teu abraço forte e delicado. Firme e leve. Doce e apimentado. E já
não sei mais se é o teu perfume, o gosto da tua boca, o teu ritmo, o cheiro da
tua pele, a tua anatomia ou se é esse feitiço do teu olhar que me fascina. Não
sei se o que sinto é legal ou ilegal. Lícito ou ilícito. E nem quero saber! A
única coisa que eu sei é que estou addicted
nesse enigma... E como diz um amigo: não tem problema se é ou não é, vai para o
céu do mesmo jeito!
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