historia oral
quero dormir
a boca deixou-se gastar minérios
anos e dentes se perdem nas contas
e agora que de uns tenho trinta e dois
os outros andam entregues à banda podre da microbiota bucal indígena
um dos bichos habitantes da casa lambe a bunda para limpar-se e não tem cáries
eu
tentando não vir cá escrever versos tão dolorosos e insones
[não é o primeiro poema dessas dores]
tomei quarenta de suas gotas anti-inflamatórias
que a nova ortografia fez por bem separar com hífen
quero dormir
acordar menos amargo nessa vida e seguir doces conselhos mas não posso
os açúcares
como veem
me põem comovido como o diabo
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Volmar Camargo Junior, o V., nativo de Cruz Alta, ativo em Rio Grande, é poeta, vendedor de livros. professor não praticante, pai do Dimitri. Escreveu os blogs Um resto de café frio, O balcão das artes impuras e Verbo. Escreve agora o Pragas Urbanas Renitentes. Seu primeiro livro em papel é O Balcão das Artes Impuras (Multifoco, 2012).O poema de V. Camargo Junior integra o projeto Pragas Urbanas Renitentes.
Não devia te dizer
ResponderExcluirmas essa lua
esse conhaque...
eu também queria dormir
e acordar menos sensata
e não seguir conselho algum
e por um hífen entre mim e a vida
e depois seguir...