Sem título
o homem
tenta me capturar
com seu anzol de necrotério
estou hirto de memórias
e não quero ir embora
aqui tenho amigos
afogados
suicidas
assassinados
desaparecidos
que hoje habitam
a terceira margem.
enquanto acumula moedas
o Caronte chinês
carrega-nos para longe
do caos
alguém chora
ao reconhecer meu rosto
mas já não me querem:
estou podre
fétido
e tenho um brilho
estranho nos olhos
então me despeço
da superfície
e retorno ao
lar líquido:
aqui tenho amigos
e não há dores
prefiro submergir.
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Vanessa Regina, alegretense, é Mestranda em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e tem poemas publicados em jornais, participação em coletâneas, além de premiações em concursos literários. Quando o jazz toca o coração, deságua no blog Na Ponta da Língua. Escreve para organizar o caos e pensa que o mar não deveria ser azul.
Apaixonada pela escrita da Vanessa :)
ResponderExcluirMuito obrigada, Daniela! Quanta honra! :-)
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